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MOÇÃO DE APOIO AO PROFESSOR MARCOS SORRENTINO E DE REPÚDIO À PERSEGUIÇÃO POLÍTICA NAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE ENSINO

Os docentes, pesquisadores, assessores e membros dos movimentos sociais presentes no VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária, em 5 de novembro de 2017, em Curitiba, Paraná, vêm manifestar o seu apoio ao professor Marcos Sorrentino da Escola Superior de Agronomia Luís de Queiroz da Universidade de São Paulo, que se tornou alvo de uma sindicância devido ao fato de o laboratório que ele coordena ter organizado em parceria com o MST uma Jornada Universitária em Apoio à Reforma Agrária.
De modo semelhante, no Instituto Federal Catarinense, Campus de Abelardo Luz, Ministério Público e Polícia Federal promoveram uma ação de apreensão de instrumentos de trabalho dos servidores públicos Maicon Fontanive e Ricardo Velho. Além disso, solicitaram o afastamento deles de suas funções no Instituto Federal Catarinense e quebraram o sigilo telefônico dos funcionários e da reitora Sonia Regina. O MPF alegou que houve diversas irregularidades no campus envolvendo a participação de integrantes do MST e a intensa imposição de ideologia política dentro do Instituto.
Estes dois casos não são isolados, tendo recentemente ocorrido perseguição política e ideológica em outras instituições públicas de ensino (como na UERJ, na UFBA, na UFMG e outras).
A reforma agrária é uma política fundamental para a diminuição da desigualdade social que caracteriza o campo brasileiro, cujo contínuo adiamento tem sido responsável pela intensificação de conflitos e situações de violência em várias regiões do país.
É papel da universidade pública intervir nos problemas da sociedade brasileira visando à diminuição da desigualdade social. Desta forma, a parceria com movimentos sociais em atividades de extensão, de formação e de pesquisa se faz necessária e tem sido uma constante desde a abertura democrática.
É preciso estarmos atentos e denunciar toda forma de cerceamento às liberdades democráticas perpetradas pelas instituições do Estado, fato cada vez mais comum no país após o golpe de Estado de 2016.
Pelos motivos elencados, esta consideramos que a realização de uma sindicância que coloca em lugar de suspeita uma atividade acadêmica pela sua relação com a reforma agrária e/ou pela colaboração de movimentos sociais na sua realização pode sinalizar um equívoco de graves consequências.
Neste sentido, repudiamos todas as formas de cerceamento e perseguição da autonomia do trabalho docente – Ensino, Pesquisa e Extensão – nos vários espaços de produção de conhecimentos; e rejeitamos veementemente o projeto de Lei 867/2015, da Escola sem Partido, que tramita na Câmara dos Deputados, bem como projetos semelhantes em nível estadual e municipal.
 Curitiba, 5 de novembro de 2017

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​JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM E-BOOK O ATLAS DA QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ

Um esforço coletivo do Observatório da Questão Agrária no Paraná junto a movimentos sociais e povos e comunidades que mostram a diversidade das relações, práticas e dos conflitos pela terra e território paranaenses.   Convidamos a todxs a se apropriar dessa leitura ampla e crítica sobre o campo no estado e esperamos que o Atlas seja objeto de leitura e divulgação, de uso como material didático e de formação, e acima de tudo que possa contribuir ao debate sobre o Paraná que temos e o que queremos.   Logo abaixo você pode clicar na imagem e Baixar o documento para ter acesso ao Atlas e desfrutar da leitura:  

NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica